Com 100% de sucesso na visualização do fenômeno, Marco Brotto faz história ajudando turistas a realizarem o sonho de estar diante da Dama da Noite
O brasileiro Marco Brotto acaba de realizar um feito inédito: em 2024 completou sua 140ª viagem de caçada à aurora boreal, com 100% de visualizações a olho nu. Ou seja, em todas as expedições que realizou em busca do fenômeno, o especialista encontrou e apreciou todo o encanto que é estar diante da Dama da Noite, apelido dado à aurora pelos viajantes.
E o que torna essa história ainda mais incrível é que Brotto não realizou o feito sozinho. Conhecido como O Caçador de Aurora Boreal, ele liderou grupos de turistas brasileiros que sonhavam em ver de perto o fenômeno. “É muito mais que a realização do sonho daqueles que viajaram comigo, são emoções e sentimentos inexplicáveis, existe uma conexão incrível com a natureza e os que se apaixonam pelas Luzes do Norte”, celebra ele.
Natural de Curitiba, Marco Brotto viaja para o ártico há 12 anos e já tem dois livros publicados sobre o tema, um infantil e outro de fotos. “A aurora boreal está presente nas animações, no imaginário infantil, não há quem não tenha curiosidade de vê-la. Quem nunca ouviu sobre o assunto antes também se sente impactado. É apaixonante.”, conta.
O Caçador de Aurora destaca que, ao se apresentar a olho nu, a aurora boreal tem o poder de despertar o lado contemplativo do ser humano, o que é extremamente valioso diante da correria da vida cotidiana. “A dança das luzes revela um aspecto central da alegria e o segredo desse momento é demorar-se nele. Meus companheiros de viagem relatam, após o término das expedições, que sonham com as luzes frequentemente. É uma felicidade sem fim”.
A expedição de número 140 aconteceu na Lapônia do dia 25 de janeiro a 03 de fevereiro. “A viagem foi incrível, foi completa e tivemos auroras muito especiais”.
Caçada e emoção
Falando em peculiaridades, elas fazem parte também do estilo de viagem promovido por Marco Brotto. “Na verdade, não são excursões , são expedições. Temos um roteiro, visitamos muitos lugares lindos, mas acima de tudo temos uma missão: ver a aurora boreal a olho nu. Mas estou sempre atento em mostrar o máximo possível das atrações turísticas dos lugares visitados. E nem sempre é possível prever o que virá pela frente. Às vezes lidamos com frio, neve, interdições de estradas, então vamos ajustando os planos, horários e locais de permanência, para conseguir realizar o sonho de ver as Northern Lights com conforto e segurança”.
Por ser um fenômeno natural, não há uma previsão exata de onde, como e quando a aurora boreal surge. Brotto tem conhecimento técnico e estuda constantemente as melhores condições para esta contemplação. Mas o caçador garante: “Quando a Dama da Noite se apresenta, uma alegria indescritível toma conta da nossa alma e faz absolutamente tudo valer a pena. Além de usar os gráficos de universidades e agências espaciais, minha maior referência é a experiência que conquistei em 140 expedições. Tenho estatísticas próprias daquilo que pode vir a acontecer com determinada informação e, assim, decidir a melhor estratégia para a caçada seguinte.”
Contemplação
Entre os principais aspectos que marcam as 140 expedições, segundo Brotto, estão as histórias de vida, a alegria de viver, a busca pelo sonho, a heterogeneidade de cada pessoa que já fez essa caçada com ele. “Elas têm o privilégio de ver a aurora e eu tenho, também, o privilégio de contemplar a explosão de luz na vida dessas pessoas. Meu propósito é esse. Realizar sonhos”.
Em suas expedições convivem crianças, jovens, idosos, casais e famílias inteiras. “Nosso passageiro mais novo até hoje foi o Beto, de 7 anos, que estava com sua irmã de 9, os pais, o tio e a avó. Também temos muitos passageiros da melhor idade. A Beth, de 80 anos , já foi em seis expedições, inclusive à Groenlândia”.
“Assim como aprendemos a falar, a caminhar, também podemos ser educados a contemplar”, enfatiza o colecionador de auroras. A primeira vez que Brotto contemplou a aurora boreal foi muito antes de organizar as expedições em grupo.
Ele se considerava um workaholic, tinha 150 funcionários e uma relação confusa com o que precisava para ser feliz. “Depois da primeira aurora, tive a certeza de que precisava ir mais longe nessa ‘loucura’ de compartilhar as Luzes do Norte com o máximo de pessoas possível”, conta.
Como funcionam as caçadas
Marco Brotto conta que, muitos anos atrás, ver a aurora boreal era algo improvável para a maioria. “Desde início da minha jornada para cá, senti o aumento da curiosidade nas pessoas de mais idade, mais maduras, e um grande conhecimento sobre o fenômeno nos mais jovens. O assunto ficou mais popular e os interessados entenderam que é possível ver a aurora com conforto e segurança, sem precisar acampar ou passar dificuldades”.
Mas muita gente que sonha em ver a aurora boreal ainda não sabe por onde começar a planejar esse momento. A primeira dica é não se aventurar na organização. “Ver a aurora boreal é uma experiência maravilhosa, que não exige um preparo físico especial ou coisa do tipo. Porém, tentar fazê-la por conta ou sem um guia altamente especializado, responsável e que siga as leis pode tornar a experiência frustrante e até perigosa”, alerta Brotto
A aurora boreal pode ser vista no período que vai de final de agosto até a metade de abril, em todos os países do círculo polar, do norte da Rússia ao Alasca. “Não existe um mês ou um local melhor para ver a aurora. As chances são as mesmas durante a temporada, mas cada expedição tem logísticas e dinâmicas diferentes, levando em conta as condições climáticas, culturais e sazonais de cada data e local”.
Além da aurora, muitas coisas surpreendem os viajantes. “Uma delas é a beleza das regiões por onde passamos. A aurora é o objetivo, o foco e o propósito da expedição, mas cada um dos destinos tem muitas coisas surpreendentes. O Ártico é um outro planeta. Ainda podemos sentir a beleza brutal e a força brutal da natureza”.
Quando perguntado sobre os planos para a próxima temporada, Brotto é categórico: “O melhor plano é não ter planos, mas eu sempre tenho plano B e C, eles ficam na minha cabeça”, brinca ele. “Aprendo muita coisa com a sabedoria do povo de cada região, como a maneira que os islandeses lidam com os eventos incontroláveis da natureza. Eles dizem þetta reddast, que significa que no final tudo ficará bem”.
As próximas caçadas de Marco Brotto estão previstas para acontecer ainda este ano. Todas as informações, datas e locais de expedições podem ser conferidos em https://www.auroraboreal.com.br/.