O arquiteto Roberto Pamplona Jr conversou a Revista Acontece em seu Loft, localizado em Fortaleza, no Ceará. Nome conhecido e reconhecido, presente em 20 edições da Casa Cor Ceará, o profissional detalhista não se repete e coleciona ambientes autorais criados com muita personalidade.
Loft do Arquiteto
Loft é um tipo de habitação que se originou nas áreas urbanas industriais em que os antigos armazéns foram convertidos em espaços residenciais. O mercado imobiliário se inspirou nessa tipologia e criou esses loft modernos com pé direito duplo e espaços integrados. Essas acomodações foram se reinventando de acordo com a modernidade e a necessidade dos moradores. Não há regras. O que fala mais alto é o gosto do morador e o bom senso, levando em consideração a praticidade e liberdade.
Em seu Loft, localizado próximo à Beira Mar da capital cearense, impressiona a luminosidade abundante dos panos de vidros altos que trazem a sensação de leveza e alegria. A decoração maximalista chama a atenção com suas paredes repletas de quadros, mini prateleiras com peças decorativas, estantes com livros e coleções, sem falar nos garimpos do arquiteto (peças dispostas com maestria em cada canto do espaço lúdico e encantador).
Apesar da pouca metragem, o espaço surpreende com ambientes que acomodam uma mesa retangular para dez lugares e sofás em módulos em formato de “U”, evidenciando a proposta de receber amigos com conforto e elegância. O quadro do artista plástico Vando Figueiredo surpreende na parede da sala. “Eu queria um quadro gigante como os que encontramos nos museus”, revela o arquiteto, de maneira irreverente. A cozinha tem um destaque todo especial para o open bar, com um exuberante lustre clássico (todo black) e equipamentos luxuosos como adega, máquina de gelo e cervejaria. O Loft foi feito para festas!
O ambiente foi pensado também para dinamizar a rotina de pessoas que precisam de um espaço prático e versátil, daqueles que procuram um local para descanso sem perder o dinamismo e a funcionalidade de dias intensos de trabalho.
Outra possibilidade é utilizar o recinto nos finais de semana e feriados. Sua localização privilegiada permite estar perto do grande cartão postal da cidade, rodeado de uma gastronomia diversa e equipamentos culturais bastante sugestivos.
A Profissão
O talento está no sangue. A família Pamplona traz nas veias a aptidão pela arte. O pai de Roberto, por exemplo, era formado em economia, mas, se destacava também como caricaturista. “Meu pai tinha o dom do desenho, uma letra linda. O desenho sempre esteve presente na minha casa, eu e minhas irmãs nos destacávamos pelos desenhos que fazíamos na infância, incentivados por nosso pai”, explica.
O desenho era o seu hobby e ele transformou em profissão. “Meu escritório completa 27 anos de atuação com foco na arquitetura de interiores, com projetos residenciais e comerciais além de projetos de cenografia e arquitetura efêmera, que me fascinam também”, informa o arquiteto.
“A arquitetura tem amplo espectro, você pode trabalhar com o macro, como o planejamento das cidades, loteamentos, edificações e com o micro, ambientes internos de uma residência, detalhamento de um móvel e etc”, informa Roberto. O design de interiores tornou-se o seu carro chefe, sua grande paixão. “Eu gosto de surpreender, de personalizar cada um dos meus projetos, não gosto de padrão, de repetição, reforça Roberto em referência aos seus trabalhos ao longo da carreira.
Para justificar tanta criatividade e inspiração o arquiteto pontua “A inspiração vem de um olhar atento. Viajar e conhecer lugares é importante para a bagagem cultural e repertório do arquiteto, mas, não podemos negar a enciclopédia moderna que é a internet, é uma viagem virtual a nossa disposição sem sair de casa. O mundo todo está lá!”, completa.
Roberto valoriza muito a leitura e afirma que, por muitas vezes, consulta sua biblioteca para reler livros e revistas. Um ambiente bonito, independente da época, não deixa de ser belo e sempre será referência.
Perguntado sobre o papel do arquiteto, ele recorre a máxima -“Se queres mudar o mundo, comece organizando o seu armário” e continua, “Gosto de encarar minha profissão nessa perspectiva micro e pontual com a missão possível de organizar a CASA do cliente como forma de transformação. Na arquitetura não é diferente”. Ele ainda acrescenta, “A profissão te traz inúmeras possibilidades de trabalho, é um universo amplo e diversificado, não necessariamente com grandes obras. Você pode desenhar de um copo até grandes shoppings, depende da sua habilidade profissional”, explica.
Democratização da Arquitetura
Roberto não limita a boa arquitetura somente para projetos com orçamentos altos. “A arquitetura não pode ficar refém dos materiais caros. Arquiteturas singelas são repletas de beleza. Em certa ocasião, em um projeto comercial de uma loja, paginamos um piso todo com cacos de cerâmica, uma opção de baixo custo com apelo visual bonito e artístico. Era o charme do projeto! Por isso é preciso ter expertise para saber explorar a diversidade de materiais e ter boas ideias”, esclarece.
Quanto ao sucesso Roberto acredita que, os arquitetos de interiores tendem a ter uma visibilidade maior por conta da mídia já bem estruturada, além dos muitos eventos que já fazem parte da rotina de arquitetos, designers e paisagistas. “A Casa Cor contribui muito para isso. É um evento que proporciona uma grande exposição, maior visibilidade ao trabalho e isso é muito positivo. Já fiz 20 edições da Casa Cor, participei de dez edições da 100% Design, mostra Artefacto, dentre outras. Precisei mostrar um trabalho autoral, assim me pus na vitrine”, explica o arquiteto.
Talento é essencial
Para quem almeja cursar arquitetura Roberto pontua que é imprescindível o talento para aqueles que desejam trabalhar na criação. “É muito difícil esse ofício sem o talento porque é preciso criar, diariamente você terá que criar, é preciso fazer composições, harmonização, escolhas, muitas escolhas com um resultado harmônico e belo”, esclarece. Ele também afirma que faz diferença gostar de trabalhar com gente porque será necessário atender e lidar com o cliente constantemente, ter sensibilidade, psicologia e forte intuição de identificar e traduzir a personalidade para os projetos.
Texto por: Márcia Rios
Fotos: Brian Dutervil