A cidade de Campinas, no interior de São Paulo, registrou quatro mortes por febre maculosa desde o início deste mês. Três das vítimas participaram de uma festa em uma área rural de Campinas, no interior do estado. Eles passaram a ter sintomas de febre, manchas avermelhadas pelo corpo e dores e faleceram cinco dias depois. Já uma jovem morreu com sintomas de febre maculosa. A doença é causada pela bactéria Rickettsia após a picada de carrapato-estrela em áreas rurais.
Quando ocorre esse surto precisamos fazer uma vigilância.
Segundo o médico-veterinário e diretor da Faculdade Qualittas, Francis Flosi, as épocas mais secas do ano contribuem para a proliferação do parasita. Além da temperatura, o carrapato-estrela muda de hospedeiro algumas vezes durante o ciclo de vida e sempre estão presentes onde tem animais, principalmente os mamíferos.
E as capivaras não são as únicas a receber este hospedeiro. Existem parasitose dos carrapatos em cavalos, em bovinos, bois e também cachorro e gato, gambá, outros roedores, inclusive o ser humano.
“Há também a possibilidade de que a transmissão da bactéria ocorra no momento em que os carrapatos infectados e aderidos à pele dos hospedeiros forem retirados com as mãos desprotegidas, além do habito que se tem de esmagá-los com as unhas, ação que pode expor o homem à hemolinfa dos carrapatos infectados provocando a transmissão do patógeno”, explica Flosi.
O período de Incubação é de 2 a 14 dias, com média de 07 dias após a picada. O tempo médio para a inoculação da bactéria gira em torno de 4 a 6 horas de parasitismo, mas dependerá de cada espécie de carrapato.
Entre as complicações, edemas, anasarca, insuficiência renal, manifestações neurológicas, hemorragias, miocardite, insuficiência respiratória, hipotensão e choque.
Os principais fatores de risco que aumentam as chances de se contrair a infecção por febre maculosa são: viver ou frequentar áreas onde a doença é comum, como locais rurais ou arborizados.
Principais sintomas:
Febre alta e súbita;
Cefaléia;
Hiperemia conjuntival;
Dor muscular e articular;
Mal estar;
Dores abdominais;
Vômito;
Diarreia;
Exantema (manchas na pele e pequenas vesículas ou bolhas).
Segundo Flosi, a infecção na forma definitiva é preciso que o carrapato fique preso à pele do ser humano por pelo menos quatro horas.
“Vale ressaltar que o carrapato que tenha a bactéria fica com ela durante toda a vida, podendo passar a doença para outros indivíduos”, diz o professor.
Se um carrapato infectado se prender à sua pele siga os seguintes passos:
Para remover o carrapato da sua pele, use uma pinça para agarrá-lo e remova-o cuidadosamente.
Trate o carrapato como se estivesse contaminado: mergulhe-o em soluça álcool ou cloro
Limpe a área da mordida com antisséptico.
Lave bem as mãos.
Prevenção
Uma forma de prevenir a doença é, assim que entrar em contato com animais ou áreas que podem ter carrapatos, checar o corpo por presença desses insetos e tomar bastante cuidado ao removê-los da pele e procurar um serviço médico urgente relatando o acontecido.
“É importante o uso de repelentes e roupas mais fechadas e em tons mais claros em passeios em áreas rurais para que possa ver o carrapato na roupa, além de evitar chinelos ou andar descalço, já que o parasita sobe nas pernas”, explica o professor Paulo Abílio, pesquisador também da FIOCRUZ.
“A capivara é tão vitima quanto pessoas e animais, e ela se desloca em áreas grandes como centro e parques, aumentando esse contato em áreas mais urbanas, como ocorre no Rio de Janeiro e em São Paulo, aumentando o risco de pessoas se infectarem e desenvolverem a doença”, completa o especialista em saúde única.
“Esse parasita faz parte da doença de zoonose devido a condição dos óbitos e por isso a importância deste trabalho em conjunto na área médica, tanto de humanos quanto animais”, diz Abílio.
Outra maneira de amenizar a situação é esterilizar as capivaras- principais hospedeiras por viverem em bando e estarem próximas do mato onde esses parasitas ficam-para que elas não tenham superpopulação e, assim, menos hospedeiros. É importante também a vigilância epidemiológica nos animais pet que estão próximos das pessoas, cachorro, gato, boi e cavalo.
“Todo cuidado é pouco! Mais vale uma grama de prevenção, do que um quilo de tratamento”, finaliza Flosi.