Pesquisar

Marcelo Paz: o nome que revolucionou o Fortaleza

“Marcelo Paz . A tranquilidade começa pelo nome”. Era assim que o saudoso comentarista espotivo Sérgio Pinheiro saudava o então presidente, hoje, Chief Executive Officer (CEO) do Fortaleza Esporte Clube que já acumula 104 anos de história na Terra da Luz.

Filho do reconhecido educador Mardônio Paz e de Conceição Cunha, o também empresário e palestrante, começou sua vida profissional no Colégio Darwin como administrador de empresa, um espaço que nasceu do sonho e vocação de seu pai.

Com apenas 41 anos, o dedicado Marcelo que está em constante evolução, já conta com várias conquistas à frente do Tricolor do Pici. A melhor campanha do clube em vários campeonatos está somada a isso. Não é por menos que Paz é um dos nomes mais marcantes na trajetória do time admirado por inúmeros torcedores.

A sua atuação no clube é contada desde 2015, quando era diretor de futebol e, posteriormente, passou a ser vice-presidente em 2016, tornando-se presidente em 2017. Também chegou a ser comentarista esportivo da TV e rádio Verdes Mares nos anos de 2012 e 2013. Já em 2014, ocupou o cargo de coordenador-geral da Associação dos Jovens Empresários de Fortaleza (AJE).

A educação não podia ficar fora dessa linha do tempo de Marcelo Paz, que ainda foi membro da Diretoria do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará (Sinepe). Ele também cursou administração de empresas na Universidade Federal do Ceará (UFC) e Gestão Esportiva na Universidade do Futebol.

Paz como sobrenome

“Eu gosto muito do meu sobrenome. Esse sobrenome eu acho que tem a ver comigo. Eu procuro ter essa simbologia do nome que eu carrego com muito orgulho da minha família, também ser uma pessoa que as pessoas relacionem com a Paz”, disse Marcelo ao ser indagado pelo jornalista Eduardo Galdino sobre o fato de o gestor trazer em seu sobrenome a Paz.

“Mas não quer dizer que Marcelo Paz toda hora também é zen, é muito calmo, às vezes eu também me chateio, às vezes eu também posso ser um pouco mais firme. Mas eu procuro o equilíbrio. Eu acho que com o passar do tempo, a gente vai se autoconhecendo e aprendendo a ter o equilíbrio nas situações difíceis, a respirar duas, três vezes, antes de dar uma resposta, entender o outro é muito importante”, comentou o CEO do Fortaleza Esporte Clube que mesmo tendo alguma experiência de vida, acredita ainda, que tem muito por aprender.

“O tempo vai nos ensinando. Então, eu procuro sim, ser uma pessoa calma, harmoniosa e, acima de tudo, que as pessoas possam me ver assim – porque o mais importante do que como você se vê, é como as pessoas lhe veem. Realmente, você passa uma imagem, um comportamento que faz com que as pessoas achem que você é alguém bom de estar perto, bom de estar junto, alguém agradável. É importante a gente ter essa leitura também”, destacou Marcelo Paz que procura fazer jus ao seu sobrenome.

Orgulho de ser cearense

“Eu tenho muito orgulho de ser cearense”, revelou Paz para Acontece, complementando: “eu fico muito feliz quando vejo as empresas daqui crescendo, quando vejo um artista daqui crescendo, um atleta, uma personalidade da área da música, das artes, de qualquer área! Quando vejo que é cearense, eu digo, poxa que legal! Vou torcer junto, vou vibrar!, disse o gestor esportivo ressaltando: “quando vejo Halder Gomes fazer filmes que rodam a Europa, que a Globo transmite, tem tanta gente boa aqui, no nosso estado”, menciona Paz mostrando a sua torcida: “eu vibro com isso! Ele ainda, comentou: “então, uma parte disso aí talvez eu tenha contribuído na parte esportiva”.

A Família

Casado com outra personalidade pública, a vice-governadora do Estado do Ceará,Jade Romero, com quem tem dois filhos, os bebês Mateo e Marcela Romero, o CEO do Fortaleza tem um filho adolescente do seu primeiro matrimônio nomeado como Marcel Paz. Jade o acolhe muito bem, assim como Marcelo acolhe de maneira plena, o Igor, filho da Jade que já tem 20 anos.

“Então são quatro crianças. Mas eu não vejo isso como um peso, vejo como algo bom. A gente convive muito bem nessa dinâmica, nessa velocidade, nessa agenda concorrida de cada um, mas respeitando sempre o espaço do outro, respeitando as necessidades do outro, e priorizando sempre que a gente pode estar juntos. Às vezes tem um jogo do Fortaleza no sábado, aí o que é que a gente faz no domingo?” Passo o domingo em casa, tranquilo, curtindo as crianças, curtindo o dia, curtindo a casa que a gente gosta muito. Então, eu tô feliz dessa maneira e acredito que ela também esteja”, afirma Paz.

Ele descreveu para a Revista Acontece como é a convivência com eles no dia a dia. Não é fácil conciliar a sua agenda com a da Jade e, também, com as obrigações familiares. “A gente tenta muito fazer isso. Eu digo que eu conheci a Jade ela estava na política; ela me conheceu, eu já estava no futebol. Então cada um sabia dos desejos e objetivos profissionais de cada um, do quanto é público, do quanto se demanda e se demanda em alguns períodos um pouco mais, de acordo com o momento, mas a gente se ajuda muito, a gente tem aquela rotina… ah, vamos tomar café juntos!”

Paz ainda enfatizou: “nós moramos muito próximos do trabalho dela. Eu faço sempre questão de almoçar em casa. Então quase todos os dias a gente consegue almoçar juntos, tomar café juntos, almoçar juntos, mas tem as agendas. Ela vai muito para o interior, ela vai pra Brasília, às vezes para o exterior também, eu acompanho os times dos jogos e a gente vai nessa rotina de pai e mãe também”.

O Casamento

“O casamento que eu tenho com a Jade é uma relação muito boa. A gente se ajuda, a gente se completa, a gente fortalece um ao outro. Eu torço muito por ela, vibro muito por ela, pelas conquistas dela. Acho que ela tá fazendo um bom trabalho”, pontuou Marcelo Paz, comparando: “as pessoas estão conhecendo também quem é a Jade, a Jade Mulher, a Jade Mãe, a Jade Política. Ela nasceu pra isso! É a vocação dela, o sangue pra fazer política, e ela tá conseguindo realizar isso. Eu fico muito feliz por ela”, declarou o marido da vice-governadora, revelando: “a gente se respeita muito, se ama e torce muito um pelo outro. E eu acho que isso é legal… Eu quero que ela brilhe cada vez mais”.

O Humanista

Ele já nasceu com a PAZ no sangue e, mais à frente, na sua identidade. O CEO do Fortaleza tem uma admiração muito grande pelos pacifistas, dentre eles, o indiano Mahatma Gandhi. “A história da não obediência pacífica, eu acho que mostra um ser humano corajoso que enfrentou o império, mas com a cultura de paz, sem agredir ninguém, sem levantar uma arma e conseguiu revolucionar” foi assim que Marcelo Paz descreveu para a revista, a figura de Gandhi, lembrando ainda, que existem outros nomes que devem ser cultivados a exemplo de Albert Schweitzer, Chico Mendes, John Lennon, entre outros da história mundial.

“Eu acho que nós cidadãos, homens públicos, temos a obrigação de sermos gentis, de sermos leves, de sermos agradáveis, de praticarmos o que Jesus ensinou” opinou Marcelo Paz lembrando: “às vezes as pessoas falam muito assim… ah tem que ir para Igreja. Acho que mais importante do que ir para a Igreja é ser a Igreja”, afirma o CEO do Fortaleza, enfatizando: “Quando você é solidário, gentil, caridoso, fraterno, acho que Deus olha muito mais pra isso, do que só ir para a Igreja. Ir também é importante, ouvir a palavra é importante”.

O Futebol

Em dezembro do ano de 2023, Marcelo Paz renunciou à presidência do Fortaleza para assumir o cargo de Chief Executive Officer (CEO) do clube cearense. Ainda, no mesmo ano, foi chamado para ser gestor esportivo do Botafogo e, em junho deste ano, convidado para ser o CEO do Corinthians, mas não aceitou, chegando a ser em seguida, eleito o melhor CEO de um clube brasileiro. O reconhecimento ao gestor esportivo aconteceu durante a premiação da Conferência Nacional de Futebol (Conafut).

No evento que diz respeito à indústria do futebol e premia as melhores práticas, Paz conquistou 61% dos votos. Ele disputou com os executivos André Rocha, do Red Bull Bragantino, e Cristiano Koehler, do Palmeiras.

Em entrevista à Acontece, ele explicou a diferença de presidente para CEO do Clube: “é uma função parecida de comando do futebol do clube e de algumas outras áreas do clube como sócio torcedor, marketing, questão estrutural… Então é algo que eu já estou acostumado a estar nessa função”.
Antes era o Fortaleza Esporte Clube. Hoje tem a Sociedade Anônima de Futebol (SAF). “A diferença do modelo anterior pra esse é que como presidente e como em qualquer regime presidencialista, seja numa entidade de classe, seja num clube de futebol, seja nos países, o presidente tem um poder geral – lógico, dentro de um estatuto, de um regulamento. No modelo de SAF, esse poder já é um pouco mais compartilhado, tem um conselho de administração, tem a própria associação que é o Fortaleza Esporte Clube. Essa é a diferença básica, disse Marcelo Paz para Acontece.

Ele lembrou ainda, que na SAF o comando é maior sobre o futebol do clube e outras áreas afins ao futebol. No modelo anterior de associação, o presidente tem autonomia sobretudo. “Então, eu acho que essa é a distinção. O modelo de SAF é um modelo mais moderno, talvez mais democrático”, opinou o gestor esportivo.

Com o atual mandatário que tem trabalhado para fazer melhorias e construir o Centro de Excelência do Clube, o Leão do Pici já viveu excelentes momentos como a saída do time da Série C do Brasileiro, conquista do título da Série B, acesso para Série A, participação em Sul-Americana (chegando à decisão) e Libertadores (duas vezes seguidas). Além disso, conquistou a Copa do Nordeste em 2019 e 2022, como também, o pentacampeonato cearense nos anos de 2019, 2020, 2021, 2022 e 2023.

A Rotina

“Ela é parecida e intensa. Quando eu digo parecida não é que ela tem algum tipo de monotonia – futebol não tem monotonia! Futebol é intensidade o tempo todo, tem que ganhar toda hora, quando não ganha vem a crítica, vem a cobrança, a gente tem que tá se provando sempre! O que fez nos anos anteriores não vale muito, o que vale é o que tá se fazendo agora, é o próximo jogo, é o próximo resultado. Então é uma rotina que a gente gosta e que tem, também, o seu peso, mas acredito que o saldo geral seja positivo”, explicou Paz.

“Eu pretendo que nos próximos anos eu siga no futebol, na gestão esportiva, fazendo o meu melhor, construindo essa carreira e que eu possa viver muitas coisas boas ainda dentro do futebol”, disse Marcelo Paz revelando que a sua vida hoje é parecida com a vida de quando foi presidente do Fortaleza por um período de seis anos e alguns meses. “Um período muito intenso da minha vida, um período de dedicação exclusiva, de muito foco, de resultados e momentos difíceis também”, revelou.

Quanto à rivalidade?

“A rivalidade ela é a essência do futebol”, disse Paz ao ser indagado sobre disputa pelo publischer da Acontece, Roberto Alves. “Eu sempre busquei dentro do Fortaleza, olhar para frente, não olhar para o lado, buscar outras referências, fazer que o Fortaleza crescesse cada vez mais… e aconteceu! exclamou Marcelo Paz.

O gestor do Fortaleza também lembrou: “chegamos à Libertadores da América entre várias outras situações que a gente viveu boa aí. Mas a rivalidade ela tá ali, tá no dia a dia, ela tá com o vizinho, ela tá com um primo que torce o time diferente e é bonito isso. O jogo que eu acho mais bonito de ir é o clássico, declarou.

“O futebol cearense cresceu nos últimos anos, porque a gente deixou de duelar em coisas pequenas e passou a se unir. E o duelo dentro de campo sempre vai acontecer, um vai querer ganhar do outro, e é normal, e ganha e fica feliz, o outro fica triste, mas faz parte do futebol. Tem que saber viver isso da melhor maneira possível, com respeito e sem extrapolar o limite”, disse Paz.

A CBF para Marcelo Paz

O gestor esportivo tem uma admiração muito grande pela Seleção Brasileira de Futebol. “Não sei se essa palavra é muito forte, mas um fascínio. Como eu adoro futebol, sou apaixonado por futebol, a seleção é um ápice. Eu diria que um convite da Seleção Brasileira é quase que um chamado da pátria. Não dá para dizer não! Mas quanto à trabalhar em outro clube, eu sei que uma hora o meu ciclo no Fortaleza vai acabar.

O CEO do Fortaleza acredita que o dirigente não pode ficar eternamente. “É necessário uma mudança de ciclo, uma reoxigenação de ideias. Então, eu sei que em algum momento eu possa estar disponível para ir para outro clube. E se isso acontecer, sempre respeitando o Fortaleza, a hora, se for uma hora que para o Fortaleza não seja ruim, porque acima de tudo está o Fortaleza”, destaca Paz em entrevista à Revista Acontece.

Condecorações

“Eu tenho e guardo no coração algumas. Tem uma específica que foi concedida pelo Conselho Regional de Administração, uma comenda para o administrador. Então foi para o gestor. Não só o gestor esportivo”, evidenciou Marcelo Paz comentando: “é legal quando a gestão esportiva transcede, ela vai para as universidades. Como eu já tive a oportunidade de fazer palestras, ela vai para as empresas, ela não fica só no futebol”.

O CEO do Fortaleza citou também, o Troféu Jangadeiro que é a comenda do administrador: “me orgulha muito”, externou Paz reverenciando ainda, a Noite das Personalidades Esportivas: “que é o Troféu do jornalista Sérgio Ponte, que eu tive a oportunidade de ganhar quatro vezes, sempre com votação bem expressiva! Ganhei em 2018, ganhei em 2019, 2020 não teve por causa da pandemia, não ganhei em 2021, e ganhei em 2022 e 2023. Em seis anos, ganhei quatro e um dos anos não teve. E são os jornalistas que votam, os radialistas que votam”, afirma.

Outro grande destaque da carreira do gestor esportivo foi o Prêmio Nacional de Melhor Dirigente Esportivo do Brasil, que ele teve a honra de receber no ano de 2022, no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro: “também, numa votação aberta e com muita gente ilustre, grandes jogadores, jogadores da Seleção Brasileira, dirigentes, jornalistas… e eu tive a honra de ser premiado e entrar com muito orgulho”, descreveu Marcelo Paz reconhecendo: “isso pra mim a nível pessoal é bacana, mas acho também, que é para todos nós que somos cearenses, que fazemos gestão, que trabalhamos”, avalia o CEO do “Laion”.

Sonho de um homem

Existe um ditado que diz, que para um homem se realizar na vida, tem que ser pai, plantar uma árvore e escrever um livro. Marcelo já é pai, plantou árvores no CT Ribamar Bezerra do Fortaleza Esporte Clube, e escreveu dois Livros: “Tem o primeiro que eu escrevi num projeto do IFCE em parceria com o professor Kléber. Foi um livro feito para um material didático de um Curso de Gestão Esportiva que o IFCE ofereceu para o Brasil inteiro. Um curso virtual com material virtual disponibilizado, mas também tem o livro físico”, recorda o dirigente do “Laion”.

A obra atual assinada por Marcelo Paz intitulada como “Dá “C” à Libertadores” tem co-autoria do jornalista paulista Fábio Pizzato e prefácio escrito pelo ex-treinador do “Laion”, Rogério Ceni. “Essa eu tenho um orgulho assim imenso por ter vivido tudo isso, qualquer outra eu não tenho orgulho por ser diferente, um livro mais curto, mas esse conta a minha história, 679 páginas da história recente do Fortaleza contada por mim e por muitos personagens que fazem parte”.

Sobre Política

Quem ocupa grandes cargos como Paz, geralmente tem um sonho que o leva para a política. Quanto a isso, o dirigente do Fortaleza respondeu: “Hoje, isso não faz parte das minhas intenções. Eu me realizo muito no futebol. O que eu mais gosto de fazer na minha vida é gestão esportiva. É o que eu faço já há dez anos praticamente ininterruptos, sempre dentro do Fortaleza”.

No que diz respeito a convites para entrar na política, o dirigente do Fortaleza destacou: “já tive convites tanto pra política, como também pra trabalhar em outros clubes. Mas hoje eu não tenho planos políticos, não estou dizendo que jamais terei, que jamais participarei e que dessa água não beberei. Não estou dizendo isso!, reforça Paz acrescentando: “Eu gosto do que faço. Entendo que estou num momento profissional bom e que esse momento pode durar mais algum tempo. Então, enquanto o futebol me absorver, eu pretendo ficar no futebol”.

O CEO do Fortaleza Esporte Clube tem uma opinião formada sobre política. Ele acredita que a política é muito mais importante do que o futebol: “porque influencia diretamente na vida das pessoas, no bem-estar, na saúde, na educação, na moradia, na segurança… justificou Marcelo desabafando: porém, onde eu me realizo profissionalmente é realmente na gestão esportiva. E, enquanto eu puder estar lá, estarei! Mas, como já falei: já tive convites, já tive sondagens diretas, fortes – mas não é o que eu desejo pra mim nesse momento da minha vida e da minha carreira”.

Texto: Eduardo Galdino

Imagens: Eri Nunes

Compartilhe nas redes sociais