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Meio Ambiente, Amazônia, Consciência e Comportamento

Nos dias 19, 20 e 21 de setembro de 2024 acontecerá o 8ª Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (CBJA). O evento será na Universidade de Fortaleza, Unifor. O Jornalismo Ambiental se dedica às questões da atualidade ligadas a natureza e ao meio ambiente, com foco nos efeitos da ação humana. O objetivo maior seria promover uma consciência ecológica em cada indivíduo, nos representantes políticos, empresários, proprietários de terras…

Não consigo pensar em um tema mais oportuno para um Congresso de Comunicação. Nos últimos dias, o Brasil concentrou 71,9% de todas as queimadas registradas na América do Sul. Mesmo sendo o gigante em extensão territorial, esse número é alarmante. A Amazônia foi a área que sofreu o maior impacto, concentrando 49% dos locais afetados pelas chamas nas últimas 48 horas. Ao saber todos os dias do aumento das queimadas e da falta de cuidado com o maior patrimônio do mundo, lembrei de uma escritora e de um livro que li. A narrativa é da grande jornalista Eliane Brum e o livro é o Banzeiro òkòtó: Uma viagem à Amazônia Centro do Mundo. Deixo aqui toda minha admiração e respeito por Eliane, uma das responsáveis pelo meu amor ao jornalismo.

Enfim! Quando terminei a leitura meu primeiro pensamento foi: Eliane perdeu o juízo! Onde já se viu uma escritora que já caminhou o que caminhou ir se enfiar dentro da toca do leão por devoção à profissão? Quem sairia da zona de conforto para entrar no total desconforto, caminhar por estradas desconhecidas e, viver cercada de perigos e incerteza? No fundo, eu sei, não foi e não é somente pela profissão. Eliane já não precisa mais provar que sabe fazer o que faz. Eliane é uma das poucas jornalistas que preza pela leitura, pela pesquisa, muitas vezes longa e dolorosa. Eliane se esvazia, se enche e nos enche. Já fiz isso uma vez. Me perdi! 

A leitura do Banzeiro foi uma experiência que me entristeceu e me envergonhou. Nós, brasileiros, não sabemos nada da Amazônia. Não nos sentimos responsáveis, achamos que não é da nossa conta e não queremos saber. É como viver anestesiado, é como fingir, é sempre fingir… a dor do outro é do outro. Quanta burrice! Depois que conheci o Banzeiro me vejo em cada uma das mulheres indígenas. Tenho a mesma aparência física e com uma pitada de conhecimento de história chego a afirmar que também faço parte desse povo.

A luta é infinitamente grande, é desumana. Banzeiro Òkòtó é o livro que me proporcionou muito saber. Mesmo doída, a leitura tira a venda dos olhos e nos insere na realidade. A Amazônia clama por ajuda! Meus pensamentos são assim, vou do congresso até o Banzeiro em segundos. O Brasil atravessa um dos mais severos períodos de seca. O CBJA é uma oportunidade de falar sobre isso e conscientizar nossa necessidade de cobrar das autoridades. Mas isso não é nem a ponta do iceberg.  Não há mais o que esperar. Já chegamos ao fundo do poço!

Ah! O Banzeiro é uma experiência avassaladora! Um grito de denúncia repleto de sensibilidade.

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