Dinâmica, autêntica e destemida, Jade Romero carrega com orgulho a missão de representar as mulheres cearenses, nordestinas e brasileiras. Especialista em Políticas Públicas e com uma trajetória engajada com os temas de juventude, defesa da mulher e esporte, ela não tem medo de desafios e conta como tem sido a grata experiência de estar à frente do Poder Executivo ao lado do governador Elmano de Freitas. Jade Romero recebeu a equipe da Revista Acontece no gabinete da Vice-Governadoria, em Fortaleza e falou sobre trajetória política, desafios da gestão pública e maternidade.
Jade já provou que não é apenas um rosto bonito na política. Aliás, ela prova isso todos os dias. Apesar da pouca idade para um cargo de grande responsabilidade e visibilidade, a vice-governadora já carrega considerável experiência política. Filiada ao MDB, foi Presidente de Juventude do Partido, do MDB Mulher e já atuou como Conselheira da Juventude. Casada, tem 38 anos, é mãe do Igor e do Mateo, além de estar à espera de mais um bebê, a primeira menina, filha dela e do marido Marcelo Paz. A vice-governadora tem desempenhado com muito dinamismo e eficiência suas atuais funções em benefício do povo cearense.
Ao ser indagada sobre a escolha pela vida política, ela conta que acredita ser uma vocação. “Eu não tenho parentes na política. Sempre gostei de ler jornais e assistir aos noticiários sobre economia e política. Venho de uma família humilde, simples. Aos 13 anos eu já queria estudar ciências políticas. É uma vocação”. Ainda criança, já se interessava em saber os nomes dos políticos e suas funções, foi assim com Ulysses Guimarães e outros representantes do Brasil.
Quando adolescente, não foi diferente. Jade procurava entender, formular opiniões, participar de diversos movimentos sociais, inclusive do Grêmio Estudantil, onde descobriu na política um instrumento de mudança. “A escola me deu o necessário. Tive acesso à uma educação formal de qualidade, à universidade a qual me trouxe a oportunidade de identificar minhas habilidades”, explica, justificando o quão importante é o papel da educação na formação de crianças e adolescentes. “Na minha adolescência os movimentos sociais, os movimentos de juventude, o impeachment do Collor, o nascimento do Plano Real, tudo isso tinha um senso crítico e contribuiu muito para minha formação, para o meu amadurecimento como ser humano”, acrescenta a vice-governadora.
Hoje, o poder de fala dos adolescentes está concentrado nas telas, bem diferente da época de Jade, em que ela ia para rua com tantos outros jovens cheios de sonhos e determinados pela mudança. Sobre as novas manifestações, ela complementa: “Os tempos mudaram. As manifestações vêm com outras linguagens. A oportunidade é o que faz a diferença para os jovens. Os jovens querem pertencer, querem participar e nós estamos trabalhando para proporcionar isso. Nossa meta é alcançarmos 100% da nossa rede de escolas em tempo integral”, relata com entusiasmo mais esse desafio da Gestão.
Dia a dia
Para quem está à frente do Poder Executivo, é sabido que todos os dias as demandas chegam e que precisam ser encaminhadas e resolvidas. Nós precisamos de bons representantes para que os resultados positivos cheguem para toda a população. Para Jade, antes de tudo, um bom político precisa ter empatia e sensibilidade. “Ter empatia, saber viver um pouco da dor do outro, ter sensibilidade para fazer o que precisa ser feito. Eu sou uma pessoa inquieta, estou sempre buscando mais, todos os dias eu acordo já pensando no que será feito, no que será encaminhado, conhecimento técnico é extremamente necessário, mas, não é tudo”, enfatiza.
A rotina no Executivo exige muita capacidade de tomada de decisão, capacidade de gestão e de liderança. Para a mulher ainda é mais difícil porque ela luta por espaço em um ambiente dominado por homens. Jade faz da luta por igualdade de gênero sua batalha diária. “A nossa história sempre foi contada na perspectiva masculina, mas, isso está mudando, estamos ressignificando as coisas e contribuindo cada vez mais com a equidade de gênero”.
As mulheres sofrem violências nas mais diversas áreas, todos os dias. As habilidades são questionadas e suas falas interrompidas diariamente por questões de gênero. A política é um campo ainda dominado pelo homem, o número de mulheres que participam ativamente, ainda é ínfimo. Para Jade essa participação não pode ser uma concessão masculina, tem que ser de fato uma representatividade. “Quantas mulheres dirigentes partidárias temos no Brasil e no estado do Ceará? A capacidade da mulher é relativizada. Na política ainda temos muitas etapas a serem vencidas, ainda é um espaço extremamente masculino, sobretudo dentro dos partidos políticos. Ainda temos uma longa caminhada para conseguir ter uma participação feminina que seja efetiva”, explica.
Primeiro Ano de Mandato
O ano de 2023 foi de desafios, um ano de mudanças. Jade Romero acumula duas funções: a de Viice-Governadora e Secretária das Mulheres do Estado do Ceará. Acerca de suas responsabilidades, ela é só gratidão pela confiança que lhe foi depositada. “Sou a única vice-governadora do Brasil que acumula função e sou muito agradecida ao governador Elmano por acreditar em mim”.
“Ao longo do primeiro ano, muito já foi feito pelas mulheres cearenses, mas, ainda temos um longo caminho. Me sinto realizada por conseguir organizar a secretaria, e, mesmo com as dificuldades financeiras, conseguimos dar vasão a política de mulheres como referencial para o restante do país”, comemora.
A maternidade
Sempre muito direta e autêntica em suas colocações, Jade traz sua experiência e a transforma em reflexão e posicionamento. “A minha gravidez na adolescência me trouxe um lugar de fala. Ser mãe aos 18 traz um grande impacto na vida do casal, sobretudo na vida da mulher. Foi um divisor de águas. Eu tinha um filho e tinha que dar o meu jeito. Eu procuro trazer a minha experiência e o meu poder de fala para que outras mulheres não precisem passar pelo que eu passei”, explica.
Com essa fala abre-se uma discussão acerca de como a sociedade trata essa mulher e se ela recebe algum tipo de ajuda, de conforto. Não se menciona somente ajuda financeira. As cobranças e a falta de empatia são gatilhos que podem provocar doenças nessa mãe. “Apesar da idade eu não fui mãe solo, tive apoio do pai do meu filho e da minha família. Isso é um fator que nos leva a refletir: quantas mulheres passam pelo o que passei e não têm uma rede de apoio? Quantas delas carregam a dificuldade de concluir os estudos e de voltar ao mercado de trabalho? Isso nos traz um questionamento muito maior, que é a responsabilidade sempre sobre a mulher”, reflete.
Com um filho adulto e outro criança ela revela que são dois mundos bem diferentes e que tem uma Jade para cada um deles. Na primeira gestação havia a incerteza e a cobrança. Hoje, mais madura, ela vive a experiência com mais tranquilidade e a espera por sua filha com muita disposição e otimismo. “Eu me cobro muito menos porque eu já sei que sou capaz. Eu consigo conciliar melhor os meus papéis. Aí é que eu trabalho! Para que meus filhos cresçam e entendam o que faço, porque faço e no que acredito”, afirma.
Para finalizar a conversa, ela nos deixa com uma mensagem sobre o mês dedicado às mulheres. “O diálogo sobre um mundo melhor para as mulheres passa também pelos homens. Homens e mulheres precisam caminhar juntos. Todos os meses, não só em março, é preciso dizer que justiça social para as mulheres é justiça para toda a sociedade, não é uma pauta só das mulheres, os homens precisam participar e dividir todas as lutas”, afirma a vice-governadora.
Texto: Márcia Rios
Foto: Paula Matos